ARTIGO | Cadê a pirâmide alimentar infantil que estava aqui? 

Muito disseminada no passado, hoje a pirâmide alimentar encontra-se obsoleta e em desuso. E queremos te explicar melhor o porquê.

7 de julho de 2023 | Destaque, Opinião

Por Luana de Lima Cunha
Do Observatório da Alimentação Escolar

Durante muitos anos a pirâmide alimentar foi utilizada como ferramenta para orientar sobre alimentação. Muito disseminada em salas de aula e por profissionais da saúde, hoje a pirâmide alimentar encontra-se em desuso, e queremos te explicar melhor o porquê e quem veio substituí-la. 

O Guia Alimentar para a População Brasileira, lançado em 2014 pelo Ministério da Saúde, é uma orientação oficial e contrária à pirâmide alimentar. O Guia surge como um instrumento de apoio às ações de educação alimentar e nutricional. Ele passa por um amplo processo de consulta pública que orienta sua versão final e está disponível de forma livre na internet. Possui linguagem acessível, ilustrativa e de fácil compreensão, servindo a todos os brasileiros como orientador para escolhas alimentares mais adequadas e saudáveis, ou seja, apresenta informações e recomendações sobre alimentação que te ajudam a ter autonomia sobre suas escolhas. 

Mas porque a pirâmide alimentar está obsoleta? Para responder essa pergunta é importante entendermos que alimentação não é apenas ingestão de nutrientes – proteínas, carboidratos, gorduras – mas também diz respeito a cultura alimentar de uma população, a sensação de pertencimento a um local, a memória, as formas de combinação e preparo, as dimensões culturais, sociais e ambientais dos alimentos. A pirâmide não reflete esses aspectos, colocando em um mesmo grupo alimentos e produtos industrializados, por isso, não é mais a recomendação oficial para uso no Brasil quando se fala em hábitos alimentares adequados e saudáveis. 

O Guia Alimentar para a População Brasileira aborda todas essas dimensões comentadas e nos convida a basear nossas escolhas no que comer, considerando a forma como o alimento foi processado, ou seja, o caminho que ele percorreu até chegar ao seu prato. 

Os alimentos são divididos em quatro categorias definidas de acordo com o tipo de processamento utilizado na sua produção – in natura, ingredientes culinários, processados e ultraprocessados. A regra de ouro é que devemos dar preferência aos alimentos in natura ou minimamente processados que são aqueles obtidos diretamente de plantas ou animais (como hortaliças, frutas, legumes, ovos, leite). Óleos, gorduras, sal e açúcar são extraídos de alimentos in natura ou da natureza e devem ser utilizados com moderação nas preparações culinárias.

Os alimentos processados são produtos que derivam de alimentos in natura com adição de alguma substância de uso culinário, como por exemplo o milho, ervilha, palmito e peixes em conserva que devem ter seu consumo limitado e de preferência associado a alimentos in natura.

Os alimentos ultraprocessados são formulações industriais que possuem poucas ou nenhuma característica do alimento original, fabricados em geral por indústrias de grande porte, são nutricionalmente desbalanceados (alto teor de calorias, ausência de micronutrientes), como o macarrão instantâneo, biscoitos recheados, refrigerantes e salgadinhos de pacote. Esses alimentos devem ser evitados, pois possuem poder negativo sobre a saúde humana, e sua forma de produção, distribuição, comercialização e consumo afetam de modo desfavorável a cultura, a vida social e o meio ambiente. 

Outra publicação importante do Ministério da Saúde é o Guia Alimentar para Crianças Menores de 2 anos, publicado em 2021 , apresenta recomendações sobre aleitamento materno, introdução alimentar e informações sobre a alimentação para as crianças em seus dois primeiros anos de vida seguindo os princípios do Guia Alimentar para a População Brasileira. 

Por isso defendemos escolas livres de ultraprocessados e nos unimos a campanha Comer bem na Escola, como forma de contribuir na melhora da qualidade de alimentos e bebidas oferecidos no ambiente escolar.

*Essas e outras publicações podem ser encontradas em nosso acervo

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