Por Yuri Simeon, com informações do portal Obesidade Infantil em Foco
Do Observatório da Alimentação Escolar (ÓAÊ)
O ano letivo nas escolas de Niterói e do Rio de Janeiro começou com uma importante novidade em 2024. Está proibida a oferta e a venda de ultraprocessados em escolas públicas e privadas, após a sanção de leis em ambos os municípios em 2023. Mas será que a população conhece e compreende a importância dessas leis?
Com o intuito de levar este debate para mais pessoas, o Instituto Desiderata realizou o evento virtual “Conectando saberes: diálogos sobre alimentação adequada e saudável nas escolas”. A atividade contou com a participação de Daniel Becker, pediatra e sanitarista, Fabíola Leal, advogada e analista de Advocacy do Instituto Desiderata, e Maria Birman, nutricionista integrante do Comitê Consultivo do Observatório da Alimentação Escolar (ÓAÊ) representando a Aliança pela Alimentação Adequada e Saudável.
Escolas podem formar hábitos alimentares mais saudáveis
As escolas são espaços de aprendizado onde crianças e adolescentes passam grande parte de seus dias. Assim, os hábitos adquiridos no ambiente escolar podem influenciar ao longo de toda a vida. E a alimentação escolar é a principal refeição do dia para 56% dos estudantes da rede pública de ensino da região metropolitana do Rio de Janeiro, como mostrou uma pesquisa realizada pelo ÓAÊ.
Para a nutricionista Maria Birman, representante do ÓAÊ no debate, impedir a presença de ultraprocessados nas escolas ajuda no combate a problemas de saúde futuros e põe em prática os ensinamentos da Educação Alimentar e Nutricional.
“Quando a alimentação que está presente no ambiente da escola é a mesma que é apresentada como adequada e saudável nos itinerários formativos e nas aulas de biologia, o que está acontecendo é um alinhamento muito importante para a educação entre discurso e prática. É assim que se aprende o que é, de fato, uma alimentação saudável”, detalhou a nutricionista.
Ultraprocessados geram riscos para a saúde
Muitas pesquisas já apontam os prejuízos dos ultraprocessados à saúde. Neste sentido, as leis implementadas no Rio de Janeiro e em Niterói promovem a defesa de um ambiente alimentar mais saudável nas escolas.
O médico pediatra e sanitarista Daniel Becker destaca que os ultraprocessados são responsáveis pelo aumento da obesidade e de doenças crônicas, como a hipertensão, a diabetes e o câncer, sendo ricos em sal, açúcar e outros aditivos. Ao mesmo tempo, esses produtos foram criados para serem irresistíveis e agradáveis na textura e paladar.
“Eles ultrapassam a nossa saciedade. A criança que está iniciando a exploração natural dos alimentos é colocada em contato frequente com os ultraprocessados. O mundo real não pode oferecer a mesma palatabilidade, a mesma delícia que a indústria fabrica artificialmente e fabrica de forma a adoecer”, alerta Becker.
Caminhos para barrar os ultraprocessados
A aprovação dos projetos de lei foi possível graças à atuação de muitas organizações e representantes da sociedade civil que se engajaram nesta prolongada ação de incidência. O Instituto Desiderata foi uma das organizações à frente deste processo, enfrentando diversos desafios, incluindo as interferências da indústria de alimentos. Mas eles mantiveram como objetivo aprovar uma lei que fosse viável de ser implementada, como relata Fabíola Leal, advogada e analista de Advocacy do Instituto Desiderata.
“Primeiro fizemos um trabalho de mapeamento do que já existia de política sobre alimentação adequada e saudável, para entender o que era possível ser feito e onde era possível avançar. Em seguida, começamos a incidir no Legislativo. Foram longos meses de negociação, incidência e debate para que a gente não aprovasse uma lei que fosse impossível de ser executada”, conta Leal.
Para saber mais, você pode acessar o Guia Prático para uma Cantina Saudável, publicado pelo Instituto Desiderata e disponível no acervo do site do ÓAÊ. E assista na íntegra o debate virtual “Conectando saberes: diálogos sobre alimentação adequada e saudável nas escolas”, disponível no YouTube.